A montanha
Uau… chegamos até aqui. É engraçado, pois parece que estou mesmo escalando uma montanha e escrever é como parar e contemplar a vista.
Porém, quando vejo tudo que já escalei e a paisagem que me tira o ar, percebo também quão longe o pico está — sequer o enxergo entre as nuvens e a névoa.
Dia vai, dia vem.
A escalada fica mais íngreme quanto mais subo. Sou obrigado a subir? Por que subo? A vista não está boa aqui?
Com um barulho do caminho a frente volto a realidade. Pergunto:
Quem vem lá?
Sinto medo. Afinal, vem de onde eu gostaria de ir.
Neste momento, sai um velho senhor da curva que eu passaria para seguir meu trajeto. O que faz um velho aqui? — penso eu.
Falo novamente:
Quem vem lá?
Ele responde:
Quem você acha?
Como vou saber? — questiono curioso.
Você sabe sim.
Se sei, esqueci.
Se esqueceu, se perderá.
Respiro, e lembro: já estou lá, basta caminhar.