O outro que sou eu me contou

Pedro Tângari
2 min readApr 20, 2020

Cá estamos nós outra vez..

Mas dessa vez é diferente, afinal estamos todos na mesma: confinados em algum lugar esperando a onda passar.

Nem todos estarão aqui quando ela for embora, mas todos terão seus desafios… parecidos mas diferentes.

Eu, particulamente, tenho lidado com algo estranho. Não paro de falar comigo mesmo. Não me calo. Como é que pode? Estou perdendo minha mente para os confins do vírus?

Acho que não, e mesmo que me acusassem de loucura não teriam como provar.

E por que precisariam? Essa pergunta foi de mim pra mim. Minha resposta, para mim, é que o que os outros pensam de mim me faz me preocupar demais com o que eu e eu mesmo fazemos. O outro ás vezes me dá umas dicas.

Outro dia não consegui dormir… parece que tá todo mundo assim — passou até no Fantástico oras. O meu caso foi parecido, mas diferente. Eu não parava de falar comigo mesmo e ninguém tinha como falar comigo também. Como é que calo o outro que sou eu quando eu não paro de falar comigo mesmo?

Aí é que caiu a ficha… não calo. Escuto. O outro, ou eu, tem algo para me contar.

Parar de lutar contra nossa voz interna e escutá-la.

No meu caso ficou claro o que ela estava me contando: fiquei ligado no computador até a hora de dormir, trabalhando e vendo séries, quase ao mesmo tempo.

No final, eu só conseguia pensar em ação.

E esse pensar, que não controlamos, é o outro, ou nós mesmos, nos contando sobre o que se passa.

Ouvi e entendi. Pra mim não funciona essa combinação de computador antes de dormir. Se quero ter um bom descanso preciso ser consciente e agir de acordo.

No final, o outro é sábio, pois só nos conta aquilo que precisamos ouvir.

Basta ouvir.

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